sábado, 11 de junho de 2011

Frenagem do Filtro de ar e Haste do Afogador

 Recentemente comecei a usar o carro diariamente, e nesse caminho diário passo por um bairro com ruas bastante esburacadas; um certo dia estava seguindo meu caminho quando o motor começou a “embolar”, chegando ao meu destino abri o capô e descobri que o filtro de ar estava solto. O modelo é esse aqui:


 Nada de mais, pedi uma chave de fenda emprestada, apertei a braçadeira que o fixa à boca do carburador (sim, meu carro é velho) e problema resolvido. Eis a braçadeira:


 Alguns dias depois, porém, a mesma coisa aconteceu, e dali por diante, cada vez com maior frequência, o filtro de ar se soltava, fazendo com que a entrada de ar no motor fosse maior (devido à ausência do filtro de ar), empobrecendo a mistura, o que faz com que o carro ande aos trancos e morra na marcha lenta. A causa do problema estava em uma pecinha bem simples, uma flange de borracha que fica entre o filtro e o carburador, cuja função é evitar atrito entre os dois metais e melhorar o aperto de uma peça contra a outra, dando aderência. Esse flange, no entanto, tinha ido pro saco devido ao tempo e os consecutivos manuseios incorretos; como vai ser mais fácil eu ver o saci andar de patinete do que achar uma dessas à venda... É hora da gambiarra! A flange ia aqui:



 Simplesmente envolvi a entrada do carburador com uma camada dupla (tira dobrada) de borracha de câmara de ar de moto, pra ficar no lugar, a borracha recebeu, por dentro, uma camada de fita dupla face. Por cima de tudo apliquei quatro voltas de fita crepe, pode parecer frágil, mas o próprio filtro se encarregaria de manter tudo bem preso no lugar. Aqui com a nova borracha:


 E aqui já com o filtro no lugar.


 Aí você me pergunta: “Mas Ronaldo, o filtro é grande e pesado. Com a trepidação não vai voltar a soltar?” Ahá, ia sim, mas aí entra o pulo do gato. Como a nova peça de borracha não tem as características da original, fiz uma coisa a mais pra garantir a segurança, um freno. “Mas Ronaldo, o que é um freno?” Freno é um artifício que você usa pra garantir que uma peça não vai se soltar acidentalmente, pode ser com um contra-pino, um anel elástico, arruelas especiais, porcas auto-travantes ou até mesmo com arames, como é comumente usado na aviação e em automóveis de competição. Meu freno foi bastante simples e artesanal, uma mola, uma arruela para ancorar no motor e um gancho para segurar o corpo do filtro, visto aqui ainda solto:



 E aqui já instalado:


 Quando se trabalha com o improviso, cada caso é um caso, como o carro não prevê a ancoragem de um freno, isso foi feito no mesmo parafuso que fixa a tampa do motor:



 No outro lado tem praticamente a mesma coisa, com a diferença de haver um arame trançado como extensão e a ancoragem ter sido feita diretamente num orifício já pronto que estava de bobeira na estrutura do carro:

 Como o inverno chegou e o possante é a álcool, de manhã tem sido complicado dar a partida com 10º no termômetro, nessas horas o afogador (já disse, meu carro é velho) é essencial. Mas o afogador tem uma característica, quando você o puxa, ele começa a fechar a primeira borboleta do carburador, para enriquecer a mistura, a partir de certo ponto um batente pega no cabo do acelerador e com isso abre a segunda borboleta para o motor não afogar e morrer. A haste que liga uma peça à outro foi passear antes do carro vir para as minhas mãos, ela deveria ligar os dois pontos apontados pelas setas; o de cima é o acionador do afogador, o de baixo, num ângulo de 90º em relação ao primeiro, é o acelerador. 



 Primeiramente providenciei o material necessário, dois raios de bicicleta e o miolo de uma barra de terminais de louça:



 A barra de terminais de louça você já deve ter visto nos fios de seu chuveiro elétrico, é essa aqui, aquela pecinha com dois parafusos veio de dentro de uma dessas, que acidentalmente quebrou:




 A nova haste de acionamento ficou assim:



 Por que eu não fiz simplesmente uma haste rígida dobrada nas duas pontas? Porque se não houvessem os parafusos não teria como dar a regulagem correta na aceleração. Aqui podemos vê-la no devido local, regulada e aprovada:


 Por hoje é só, chega de fuçar o carro e vamos aproveitar o final de semana.

domingo, 5 de junho de 2011

Tipos de "madeira"

Eu nada sei de marcenaria, na verdade sou um cupim, só sei destruir a madeira. Mas estou tentando aprender, e uma coisa coisa que ajuda quem também está começando é saber os tipos de matérias primas para se construir alguma coisa. Aqui tem uma pequena imagem pra ajudar a identificar os quatro principais tipos que se encontra no mercado:


Não é muito, mas espero que ajude. Ah, uma vez um cara de pau pegou essa foto e postou no Orkut como se fosse dele, não se deixem enganar.

Ventilador XG


Animado pela criação do amigo Andrei (um dos poucos que me defendeu), e esbaforido de calor (fiz essa gambiarra no verão), resolvi também fazer meu próprio ventilador XG. No início era pra ser uma coisinha bem simples, tipo um ventilador velho pendurado na parede. Mas ao contar pra patroa porque eu estava chegando em casa com uma hélice enorme embaixo do braço, ela sugeriu que o aparelho tivesse um acabamento mais apresentável, pois assim poderíamos usá-lo dento de casa, e não só na oficina. Como eu não sou doido de contrariar a meritíssima, mudei os planos.

Tudo começou com uma hélice bem ajeitada dando bobeira na minha frente em plena sucata. A menina que toma conta de lá (filha do dono) é gente boa demais, e não quis me cobrar pela hélice, embora eu não nem de longe um bom cliente.



  
E um motor de WEG 1/4 de tanquinho, comprado na mão do carroceiro por “dérreal”.



Tudo preso à bancada, fiz um teste preliminar e ventou bem, embora o capacitor de partido estivesse ruim. Mas eu tinha à mãos um de 22µf (o original era de 20µf) que funcionou perfeitamente.




Já que ele não seria mais um objeto perdurado no teto, tive que improvisar uma caixa. No quintal havia um depurador Suggar que não tinha mais planos de voltar à parede, então foi ele mesmo.



Primeiro tirei a turbina e guardei para o futuro, depois abri na parte de cima uma janela pouco maior que o diâmetro da hélice.



A grade original dele, que sustentava a manta, foi mantida, mas puxada mais para trás e fixada com parafusos.  



Para suportar o motor com firmeza fiz um “H” de madeira, poderia ter sido com metalon, mas o que eu tenho está acabando, então variei um pouco.




Uma montagem prévia pra ver se estava tudo ok e ficou assim:



Decididas as formas, limpei, lixei e dei um fundo em todas as partes de aço e madeira:



Depois, com a pistola de pintura, apliquei esmalte sintético Suvinil na cor azul geladeira (também chamado de azul calcinha ou azul fusquinha). A hélice não foi pintada, só estava secando do banho.



Claro que o motor também levou um trato:



Finito! Ele ficou assim:



E de costas:



Para facilitar o transporte foi instalada uma alça dessas usadas em movelaria. Tive o cuidado de fazer o PBC e achar o centro de equilíbrio para ela.



O interruptor e os acabamentos são originais do depurador, só foram pintados com esmalte sintético prata.




Um detalhe do motor:



E ele pronto:




E ele ao lado do Arno 30cm, que apesar de ser Arno, não me deixa na mão desde 1993.



Como todos notaram, ele ainda está sem a grade da frente, mas isso será providenciado em breve, como não temos crianças em casa, não há riscos. Minha maior preocupação era a hélice sugar alguma coisa que estava atrás dela, o que quase aconteceu com uma lata de refrigerante vazia que estava na bancada. Aliás, a força dele é tamanha que originalmente o gabinete estava apoiado em pés de borracha, mas quando eu ligava o motor, o forte empuxo, aliado ao pouco peso e centro de gravidade alto, o faziam cair para trás.

Nem vale a pena colocar a lista de custos, já que tudo estava à mão, menos a hélice e o motor, mas isso já foi falado no texto.
O desempenho ficou ótimo, mas o barulho é que está acima da média do conforto. E mesmo que todos saibam o que faz um ventilador, independente do tamanho, fiz um pequeno vídeo, só pra florear o blog:


Extensão Retrátil

Nas minhas coisas ferramentísticas sempre tem umas extensões, mas que nem sempre estão à mão. Por isso resolvi dar uma ajuda pra patroa e fazer uma extensão só pra ela usar.
 
Outro dia desmontei um aspirador de pó Walita, mas isso é outra história, o importante mesmo é que ele tem um sistema de fio retrátil, a dona de casa puxa o fio de dentro do aparelho e ele fica desse jeito. Depois de usar basta ela apertar uma parte do aspirador que o fio é puxado para dentro por uma mola espiral. É esse mecanismo que nos interessa.

Primeiramente fiz uma estrutura para acondicionar a extensão, para tal usei apenas algumas aparas de metalon que tenho guardadas para ocasiões como esta. A coisa ficou assim:




Não sei porque, mas tem dias em que eu faço uma solda que fica um primor, já outros dias parece que a solda foi feita por um epilético cego, de tão ruim que fica. Ontem foi a segunda opção.
Mas de qualquer forma dei uma esmerilhada nas soldas e arrematei com massa de funileiro:




  
Esperei até a noite e lixei.
Antes de dormir dei uma mão de tinta. Já que era pra minha esposa, pintei de rosa, assim não cederei à tentação de ficar usando o que não é meu.






Os pés foram rosqueados no próprio metalon, os furos foram abertos com broca e a rosca feita com macho de 1/4. As aberturas fechadas com acabamentos para móveis, encontráveis em qualquer boa loja de ferragens.





Resolvi aproveitar uma das aberturar e colocar um acabamento aditivado. Nele instalei a tomada, que foi doada pelo estabilizador que virou ponteadeira. Nada se perde, tudo se aproveita.
Os fios e conectores foram aproveitados do próprio aspirador, tudo foi isolado com espaguete termo retrátil.





Aqui aparece melhor o sistema que enrola o fio, e que foi tirado do aspirador. O fio que sai do miolo é o que vai até a tomada fêmea e é fixo. Ia colocar um cabo PP pra dar acabamento, mas não tinha conectores nessa medida, então mantive os originais e os uni, mais uma vez, com espaguete termo retrátil.




Na entrada do metalon instalei um coxin de impressora matricial que serviu de acabamento para a passagem do cabo, isso também evita que rebarbas do furo cortem a capa com o atrito.

Na primeira vez que mostrei isso na internet, alguém comentou que minha gambiarra parecia um Pokemon; pesquisei e achei isso aqui, deixo que cada um tire suas conclusões sobre alguma possível semelhança.